sexta-feira, 30 de março de 2007

O Poder da Sinceridade

Todos nós cometemos erros, haja o primeiro que tenha a coragem de assumir o contrário.
No entanto o que nos diferencia uns dos outros, seres humanos racionais, é de facto a forma como assumimos esse mesmo erro e de particular importância a forma como podemos aprender com o erro cometido e assim valorizarmos mais o nosso ser.
O erro é um factor que assola qualquer ser humano, todos temos receio de errar e evitamos ao máximo cometer falhas que possam comprometer o nosso ser e a nossa credibilidade.
A credibilidade, o orgulho, o estatuto, são factores que nos condicionam de assumirmos os nossos erros e que nos deixam intranquilos em termos de consciência. Quantos de nós já não erramos e por "medo" receio de assumirmos as consequências, de ferir o nosso próprio orgulho remetemo-nos ao silêncio? Certamente que muitos. No entanto a grande diferença está nas pessoas que conseguem lidar melhor ou pior com o erro, no sentido de poderem tirar as mais valias positivas do mesmo. Certamente que todos temos consciência que o erro é como as desculpas, não se devem pedir mas sim evitar, no entanto ninguém está imune à imperfeição.
Esta introdução serve para vos enquadrar na exposição que pretendo apresentar de seguida e que também se evidenciou numa acção de formação onde estive presente.
Durante a realização dos exames práticos alguém que cometeu um erro. Na tentativa de procurar todos os recursos e alternativas credíveis para tentar dar resposta a uma necessidade, foi cometido por parte do formando uma ilegalidade. No momento da realização dos exames práticos essa ilegalidade não foi detectada e por essa razão o formando conseguiu atingir os objectivos mas infringido as regras e determinados princípios inerentes ao ser humano como é o exemplo da honestidade.
Como a verdade vem sempre ao de cima, mais tarde ou mais cedo acabamos por constatar os factos reais e verdadeiros e este caso não fugiu à regra. Passado algumas horas foi detectado e ilegalidade por parte de um dos elementos da equipa de formação que expôs o caso superiormente. Já era tarde de mais pelo facto de os formandos já terem abandonado o local de formação, de se ter validado favoravelmente a prova realizada e acima de tudo por não existirem provas fidedignas mas sim um conjunto de factos que evidenciavam a ilegalidade. Um ambiente de consternação e indignação assolava toda a equipa de formação. Todos sem excepção sentiam-se plenamente enganados, usados, gozados e impotentes para poderem solucionar o caso de uma forma onde imperasse a justiça. Só havia uma solução que passava por confrontar a pessoa com o sucedido e avaliar a reacção da mesma. Apenas duas possibilidades poderiam resultar da tentativa de resolução do problema: A primeira, o formando referia que não tinha cometido nenhuma ilegalidade e por falta de provas concretas ele teria aproveitamento no curso mas perdia toda a sua dignidade como pessoa e nunca mais seria credível perante a instituição formadora; A segunda, o formando assumia o erro cometido e o problema ficava solucionado onde todos nós envolvidos no processo ficaríamos bem em termos de consciência. Cabia-me a mim tomar a iniciativa e confrontar o formando com todo o cenário descrito anteriormente. Estava com relativa vantagem em relação à equipa de formação pelo facto de conhecer antecipadamente o formando de outras acções anteriores e tinha-o como uma pessoa digna de respeito e de exemplo. Era uma pessoa formada com um grau académico superior e já tinha dado provas no passado que me permitiam continuar a credibilizar o seu ser. Na impossibilidade de o fazer pessoalmente, pelo facto de ter abandonado o local da formação, tive que o fazer pelo telemóvel.
Não foi fácil porque o assunto era muito sensível e poderia por em causa uma amizade, uma pessoa, um princípio, duas ou mais instituições e acima de tudo várias consciências.
Depois de lhe ter reportado todos os factos registados na descoberta da ilegalidade, sem qualquer vacilação a resposta foi simples, concisa e extremamente directa: "É verdade, eu não fui correcto, cometi um erro..."
Após estas breves palavras algo dentro de mim rejuvenesceu, um dos princípios fundamentais da socialização e prosperação do relacionamento interpessoal prevaleceu sobre qualquer outro sentimento: A SINCERIDADE.
Aquele homem após ter proferido aquelas palavras, e embora tenha cometido o erro que já ninguém podia corrigir, continuou a ter a mesma credibilidade que tinha anteriormente em relação à minha pessoa.

Grande amigo, que continues sempre com os teus princípios de vida porque tens muito para conquistar em termos pessoais e profissionais e se tiveres que procurar alternativas para solucionar os teus problemas NUNCA recorras às menos correctas, porque podes perder toda a credibilidade que dia a dia vais conquistando nas pessoas.
A sinceridade, honestidade, transparência e acima de tudo a nossa honra permitem perante tudo e todos prevalecer sobre qualquer adversidade que a vida nos possa proporcionar e assim estarmos bem principalmente com nós próprios e a nossa consciência.

Abraços

MM

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