sexta-feira, 16 de março de 2007

O Acreditar

No decorrer do curso de mergulho – nível II ministrado na Escola de Mergulhadores da Armada – Alfeite assisti a uma realidade que pretendo partilhar convosco.
Estávamos a meio da primeira semana de formação, no dia antecedente às avaliações práticas que são eliminatórias e que condicionam a continuidade da formação. Num exercício onde apenas os formandos tinham que nadar debaixo de água sem recurso a máscara um deles não conseguiu adoptar-se ao meu aquático e assim realizar o exercício. Justificava-se que não consegui abrir os olhos debaixo de água e ao tentar fazê-lo sentia-se inconfortável e inseguro. Após várias tentativas sem qualquer êxito e sempre a referir que não era capaz o formando em causa dirigiu-se a mim e disse-me: Marco eu não sou capaz. Olhei-lhe nos olhos e não fiz qualquer comentário. Voltou novamente para o interior da piscina e na companhia de um formador voltou a tentar e a dizer continuamente "eu não sou capaz". Abordei-o junto da piscina e disse-lhe: "Chança tu és capaz". Ele muito sentido e com um ar derrotado completamente desesperado porque sabia que provavelmente teria que abandonar o curso referiu novamente: "Marco eu não sou capaz" e na verdade ele não consegui realizar o exercício.
No dia seguinte, reservado exclusivamente para a realização dos exames práticos que davam acesso à segunda semana de formação, todos os formandos tinham que obter aproveitamento para poderem dar continuidade à formaçã. Num exercício eliminatório que consiste em deixar todo o equipamento de mergulho no fundo da piscina, vir à superfície e voltar a recuperar o equipamento a uma profundidade de 4 metros, o mesmo formando referido anteriormente efectuo o mergulho correctamente, deixou todo o equipamento no fundo da piscina, veio à superfície sem equipamento e deu inicio à recuperação do mesmo. Após uma primeira tentativa sem êxito, ao voltar novamente à superfície sem equipamento o formando bateu furiosamente na água e referiu: "eu vou ser capaz". Voltou a mergulhar para recuperar o equipamento e passado alguns segundos surgiu novamente à superfície de novo sem ainda o desejado equipamento. Ainda mais furioso consigo próprio e manifestando esse sentimento através dos movimentos que fazia na superfície da agua continuava a dizer, agora com mais força e convicção "eu sou capaz". Numa terceira e última tentativa permitida para a realização da prova, o Chança voltou e mergulhar e desta vez permaneceu mais alguns minutos debaixo de água. Nós à superfície aguardávamos ansiosamente pelo resultado final. Passados alguns minutos a equipa de formação não consegui deixar de esboçar um sorriso de satisfação pelo êxito alcançado manifesto da força de vontade, crença e principalmente o acreditar que era capaz.
O Chança surgiu na superfície um sorriso glorioso que permitiu continuar na formação acreditando em permanência nas suas próprias capacidades pessoais.

Um exemplo vivo que demonstra a vontade do crer e do poder

Cumprimentos

MM

Sem comentários: